Distorção Idade-Série: conheça um dos principais indicadores de progressão escolar
A distorção idade-série é um dos principais indicadores utilizados para medir a qualidade da progressão escolar de uma escola ou rede de ensino específica.
Nesse post, vamos discutir o que é esse indicador e como ele pode ajudar a mensurar os impactos pedagógicos negativos da reprovação.
O que é a distorção idade-série?
A distorção idade-série é a proporção de alunos com mais de 2 anos de atraso escolar. No Brasil, a criança deve ingressar no 1º ano do ensino fundamental aos 6 anos de idade, permanecendo no Ensino Fundamental até o 9º ano, com a expectativa de que conclua os estudos nesta modalidade até os 14 anos de idade.
O cálculo da distorção idade-série é realizado a partir de dados coletados no Censo Escolar. Quando o aluno reprova ou abandona os estudos por dois anos ou mais e retorna à escola, ele precisa repetir uma mesma série para não prejudicar a progressão dos conteúdos.
Nessa situação, ele dá continuidade aos estudos, mas com defasagem em relação à idade considerada adequada para cada ano de estudo, de acordo com o que propõe a legislação educacional do país. Trata-se de um aluno que será contabilizado na situação de distorção idade-série.
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Por que essa distorção é problemática?
O debate sobre os efeitos negativos da reprovação vem crescendo muito nos últimos anos entre os especialistas em educação. O principal efeito negativo que se enxerga na reprovação e na distorção idade-série é que elas aumentam o risco de evasão escolar dos alunos:
“No Brasil, é bastante razoável dizer que a causa mais frequente é a reprovação. As crianças estão entrando na escola na idade correta e a evasão, quando acontece, geralmente, é do tipo permanente” – Priscilla Tavares, doutora em Economia da Educação em entrevista ao Iede
Uma reprovação ou uma sequência de reprovações frequentemente têm uma série de efeitos negativos na permanência dos alunos na escola porque afetam, principalmente, a motivação para continuar os estudos, como aponta Ocimar Alavarse, professor da Faculdade de Educação da USP:
“Alunos de 6 anos nem entendem porquê estão sendo reprovados e já são marcados com esse estigma. É muito grave e produz uma série de sequelas, principalmente em relação à motivação deles com os estudos”
Mesmo o suposto benefício pedagógico de oferecer uma nova oportunidade para o aluno de consolidar o aprendizado dos conteúdos ideais daquele período nem sempre é verdadeiro.
Esse pressuposto frequentemente se depara com a barreira da falta de estrutura das escolas para oferecer uma estrutura de ensino adaptada às dificuldades que o aluno já teve no ano anterior, como aponta Ademir Almagro, coordenador pedagógico em Novo Horizonte (SP):
“Os números brasileiros são uma tragédia. O aluno que não aprendeu repete, mas o que iremos oferecer de diferente para ele no ano que vem? Se não deu certo este ano, com a estrutura que se tem, por que vai dar certo no ano seguinte?! Reprovação é a segunda chance para o erro.”
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