Educação na pandemia de COVID-19: alguns estudos selecionados
Dado o momento em que estamos vivendo, ficou evidente a necessidade de produzir estudos que mostrassem a dimensão do impacto da pandemia no sistema educacional, assim como a importância de divulgá-los para que os tomadores de decisão pudessem basear seus encaminhamentos em dados.
Com isso em mente, um compilado de estudos a partir das organizações que os produziram é apresentado em seguida, com o link para o estudo original.
Iede
“Permanência Escolar na Pandemia”
O estudo “Permanência Escolar na Pandemia” foi feito pelo Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) e o Comitê Técnico da Educação do Instituto Rui Barbosa (CTE-IRB), em parceria com os Tribunais de Contas. A pesquisa foi feita a partir do envio de um questionário a uma amostra com mais de 1,2 mil redes de ensino de todas as regiões. Em uma segunda etapa, as secretarias de Educação deveriam enviar documentos que comprovassem as informações fornecidas e o monitoramento de participação dos alunos na pandemia. Os técnicos dos Tribunais de Contas foram os responsáveis pela checagem e validação dos dados e documentos.
Um dos achados do estudo: 90% foi a taxa média de participação escolar dos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental em abril de 2021, muito abaixo dos 98% de 2019 de acordo com o Anuário Brasileiro da Educação Básica, do Todos pela Educação.
Instituto Península
“Experiências de Ensino Híbrido na Formação Docente”
O Instituto Península e a Cesar School realizaram um estudo para entender as evidências científicas internacionais que já existem sobre o assunto na formação de docentes. Foram identificados 5 componentes fundamentais para formação híbrida de qualidade na formação de professores: a) papel, percepção e atuação do formando, b) metodologias utilizadas, c) uso das tecnologias digitais, d) conteúdo especializado e d) efetividade
“Desafios e Perspectivas da Educação: uma visão dos professores durante a pandemia”
Pesquisa feita pelo Instituto Península com 2.557 respondentes que buscou entender as angústias e as necessidades dos professores depois de um ano e seis meses em meio à pandemia e ao ensino remoto.
Um dos achados do estudo: 85% dos professores acreditam que o aprendizado com o retorno das aulas presenciais será abaixo do esperado.
Nova Escola
Levantamento realizado pela Nova Escola entre 31 de agosto a 10 de setembro em seus canais. Foram mais de 4 mil respondentes, dos quais 3.839 eram professores e gestores escolares, espalhados por 24 estados brasileiros e o Distrito Federal — apenas sem representatividade de Rondônia e Roraima. A pesquisa apontou melhoria na saúde mental dos professores em 2021 em comparação com 2020, e trouxe também alguns receios dos educadores em relação à retomada das atividades presenciais.
Um dos achados do estudo: 53% dos professores sofrem com ansiedade, enquanto em 2020, eram apenas 74%.
UNICEF
“Impactos Primários e Secundários da Covid-19 em Crianças e Adolescentes”
A terceira rodada da pesquisa “Impactos Primários e Secundários da Covid-19 em Crianças e Adolescentes” mostra dados sobre a expectativa de reabertura de escolas, além da relação entre o aumento da desigualdade no Brasil com a crise sanitária.
Um dos achados do estudo: 59% dos estudantes usam apenas o celular para fazer as atividades remotas.
“Cenário da Exclusão Escolar no Brasil”
O estudo do UNICEF traz um panorama da exclusão escolar antes e durante a pandemia e mostra que o Brasil corre o risco de regredir duas décadas no acesso de meninas e meninos à educação.
Um dos achados do estudo: 5 milhões de alunos estavam fora da escola ou sem atividades escolares no final de novembro/2020.
Conjuve
“Juventudes e a pandemia do Coronavírus”
A pesquisa coordenada pelo Conselho Nacional de Juventude (Conjuve) e realizada em parceria com o Em Movimento, Fundação Roberto Marinho, Mapa da Educação, Rede Conhecimento Social, UNESCO, Porvir e Visão Mundial, teve por objetivo apresentar dados sobre a juventude brasileira para compreender como esta tem vivido o período da pandemia, para, posteriormente, serem criadas estratégias de enfrentamento aos desafios impostos pela Covid-19.
Fundação Lemann (e outras organizações)
“Educação não presencial na perspectiva dos estudantes e suas famílias”
Fundação Lemann, Itaú Social, BID e Datafolha, com apoio técnico do Conhecimento Social, lançaram uma série de pesquisas buscando entender os impactos da pandemia em alunos de 6 a 18 anos. Uma delas abordou os indícios de descontinuidade nos estudos e as mudanças de rede privada para pública.
Um dos achados do estudo: Grupo de estudantes que receberam atividades, mas que não estão evoluindo nos estudos, não estão motivados e manifestaram possibilidade de desistir da escola chegou a 40%, contra 26% no início da pandemia
“Onde e como estão as crianças e adolescentes enquanto as escolas estão fechadas?”
A pesquisa, encomendada pela Fundação Lemann e Instituto Natura e realizada pelo Datafolha, ouviu 1.315 responsáveis por mais de 2.100 crianças e adolescentes (4 a 18 anos) matriculados na rede pública ou fora da escola, de todo o Brasil. Também foram entrevistadas 218 pessoas com idades entre 10 e 15 anos. O levantamento foi feito entre 16 de junho e 7 de julho de 2021.
Um dos achados do estudo: 34% das famílias afirmaram que a quantidade de comida foi menos que o suficiente durante a pandemia.
Reúna
Estudo do Instituto Reúna apresenta 14 modelos de avaliações educacionais em larga escala no Brasil e no mundo para buscar referências e entender como as avaliações nacionais, como o Saeb, podem ser aprimoradas.
Undime
“Pesquisa Undime sobre Volta às Aulas 2021”
Pesquisa realizada pela Undime com apoio do Itaú Social e do UNICEF, com o objetivo de mostrar como as Secretarias Municipais de Educação estavam se preparando para os desafios do ano letivo de 2021.
Todos pela Educação
Primeiros impactos da pandemia nas taxas de atendimento escolar
Produzido pelo Todos pela Educação, a nota técnica “Taxas de atendimento escolar da população de 6 a 14 anos e de 15 a 17 anos”, apresenta dados da Pnad Contínua/IBGE, do segundo trimestre de 2021, com o intuito de medir o impacto inicial do fechamento das escolas em todo o Brasil.
“Tecnologias para uma Educação com equidade: novo horizonte para o Brasil”
Estudo do Todos Pela Educação, com a D3E (Dados para um Debate Democrático da Educação) e o Transformative Learning Technology Laboratory, da Universidade de Columbia, discute como a tecnologia pode ser utilizada para melhorar a aprendizagem dos alunos.
Vozes pela Educação
“Boas práticas de comunicação escolar em tempos de pandemia”
Vozes da Educação, Cartello, Sincroniza Educação, com apoio da Fundação Lemann, Imaginable Futures e Instituto Gesto, o estudo traz um levantamento internacional de boas práticas de comunicação escolar em tempos de pandemia, com a análise de 14 países. O objetivo é qualificar o debate e apresentar alternativas para melhorar a comunicação entre as redes de ensino e a comunidade escolar.
Levantamento internacional sobre avaliações em tempos de pandemia
“A análise mostrou que, mesmo com a pandemia, avaliar e ter informações sobre a situação educacional dos estudantes continua a ser uma estratégia fundamental dos países analisados para planejar, com base em evidências, a recuperação da defasagem escolar causada pelo contexto da Covid-19. Dos 23 países analisados, 17 já fizeram ou devem fazer suas avaliações nacionais em larga escala em 2021. Dos seis países que ficaram de fora, apenas três anunciaram que não irão realizá-las; os outros três adaptaram a avaliação ou deixaram a cargo dos estados a opção de participação. Em 2020, 11 dos 23 países que fizeram parte do levantamento realizaram avaliações nacionais em larga escala.”
Compilado de alguns estudos de 2020:
Retratos da Educação na Pandemia – um olhar sobre múltiplas desigualdades | FCC
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